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Anda! Anda! Estamos todos à tua espera.

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Não há dia em que a Francisca não me pergunte se tenho dói-dói. Às vezes, em jeito de brincadeira, digo-lhe que sim. Que tenho dói-dói na cabeça. A dias de conhecer o meu segundo filho, e com demasiado tempo livre, a minha cabeça não pára.

Como é que eu vou gostar tanto dele como gosto dela? Não sei se é uma dúvida recorrente ou se as mulheres têm vergonha de o dizer, mas acreditem que foi um dos meus primeiros anseios e que agora, naturalmente, se desvaneceu. Comentei com toda a gente e a resposta era sempre a mesma, “isso não faz sentido nenhum, vais ver que o amor se multiplica”. E perceber isto? Levei tempo. Agora, passados 9 meses e ainda sem o pequeno Henrique para o comprovar, percebo que o que tinha era um grande dói-dói aqui em cima. Considero-me uma mãe descontraída, com um ou outro piripaque, mas nada digno de registo clínico. Lembro-me de chegar a casa com a Francisca e viver a semana mais feliz da minha vida. Tinha a bebé que tanto desejei – saudável e menina. Dá-me vontade de rir quando me lembro que o Facebook, nesta semana, me sugeriu uma montagem com fotografias disponíveis na biblioteca do telemóvel e eu não conseguia parar de chorar. Chorei no teste do pezinho. Chorei quando me lembrei das contrações. No dia em que soubemos que íamos ter uma miúda, chorei. Era o que eu mais queria. A caminho da consulta, o Fernando pediu-me para não desatar a chorar caso se confirmasse que era um rapaz. “Vou chorar se o resultado for menino ou se o resultado for menina. Por motivos diferentes”, reagi. Quando soubemos que vinha aí a Francisca, as lágrimas escorriam-me pelo rosto e o meu cérebro tratou logo de guardar este momento na secção Premium. Isto do sexo do bebé também vai perdendo importância, sempre achei que era uma mãe de miúdas. Por outro lado, nesta segunda gravidez, desde o início que disse que não tinha o direito de pedir, já tinha uma pequenina. Agora estava nos desígnios de Deus. O pequeno Henrique está a caminho e estou super entusiasmada, será que vai ser assim tão diferente? Lembro-me de estar no Mercadito da Carlota, rodeada de mães cheias de vontade de estoirar dinheiro, e uma delas dizia: “Olhe, arranje-me isso mas para rapaz, tenho lá em casa 3 miúdas e estou grávida de um menino. Eu sei lá como é que vou vesti-lo”. Às vezes, lembro-me dela e rio-me sozinha. O último mês de gravidez é muito duro. No meu caso, e pela segunda vez, estou a ver que lhe tenho de dar ordem de despejo. Este meu interior deve ser mesmo de um conforto e luxo extremos. Enfim, voltando às dúvidas: como é que que não vou morrer se vou ter de passar por muitas noites complicadas e o despertador vai tocar na mesma às 5h30. Como? Como? Fazer Manhãs na Rádio é o sonho de qualquer locutor, fazer Manhãs na Rádio Comercial é algo que tem de estar escrito em algum lado. Não estamos a falar de um filho, mas é um trabalho que requer muito amor, muita dedicação. Sim, é quase um filho. Este horário é óptimo para nós e péssimo para os nossos pequeninos. Se bem que, no que diz respeito à criação de laços, não são “as manhãs a correr” que tratam disso. Assunto arrumado. Imagino vezes sem conta o momento em que a Francisca vai conhecer o mano, e aí sim, o dói-dói vai passar.

VERA FERNANDES
Locutora da Rádio Comercial

instagram: @veraafernandes

Publicado em 11 Nov. 2019 às 13:44

Não há dia em que a Francisca não me pergunte se tenho dói-dói. Às vezes, em jeito de brincadeira, digo-lhe que sim. Que tenho dói-dói na cabeça. A dias de conhecer o meu segundo filho, e com demasiado tempo livre, a minha cabeça não pára.

Como é que eu vou gostar tanto dele como gosto dela? Não sei se é uma dúvida recorrente ou se as mulheres têm vergonha de o dizer, mas acreditem que foi um dos meus primeiros anseios e que agora, naturalmente, se desvaneceu. Comentei com toda a gente e a resposta era sempre a mesma, “isso não faz sentido nenhum, vais ver que o amor se multiplica”. E perceber isto? Levei tempo. Agora, passados 9 meses e ainda sem o pequeno Henrique para o comprovar, percebo que o que tinha era um grande dói-dói aqui em cima. Considero-me uma mãe descontraída, com um ou outro piripaque, mas nada digno de registo clínico. Lembro-me de chegar a casa com a Francisca e viver a semana mais feliz da minha vida. Tinha a bebé que tanto desejei – saudável e menina. Dá-me vontade de rir quando me lembro que o Facebook, nesta semana, me sugeriu uma montagem com fotografias disponíveis na biblioteca do telemóvel e eu não conseguia parar de chorar. Chorei no teste do pezinho. Chorei quando me lembrei das contrações. No dia em que soubemos que íamos ter uma miúda, chorei. Era o que eu mais queria. A caminho da consulta, o Fernando pediu-me para não desatar a chorar caso se confirmasse que era um rapaz. “Vou chorar se o resultado for menino ou se o resultado for menina. Por motivos diferentes”, reagi. Quando soubemos que vinha aí a Francisca, as lágrimas escorriam-me pelo rosto e o meu cérebro tratou logo de guardar este momento na secção Premium. Isto do sexo do bebé também vai perdendo importância, sempre achei que era uma mãe de miúdas. Por outro lado, nesta segunda gravidez, desde o início que disse que não tinha o direito de pedir, já tinha uma pequenina. Agora estava nos desígnios de Deus. O pequeno Henrique está a caminho e estou super entusiasmada, será que vai ser assim tão diferente? Lembro-me de estar no Mercadito da Carlota, rodeada de mães cheias de vontade de estoirar dinheiro, e uma delas dizia: “Olhe, arranje-me isso mas para rapaz, tenho lá em casa 3 miúdas e estou grávida de um menino. Eu sei lá como é que vou vesti-lo”. Às vezes, lembro-me dela e rio-me sozinha. O último mês de gravidez é muito duro. No meu caso, e pela segunda vez, estou a ver que lhe tenho de dar ordem de despejo. Este meu interior deve ser mesmo de um conforto e luxo extremos. Enfim, voltando às dúvidas: como é que que não vou morrer se vou ter de passar por muitas noites complicadas e o despertador vai tocar na mesma às 5h30. Como? Como? Fazer Manhãs na Rádio é o sonho de qualquer locutor, fazer Manhãs na Rádio Comercial é algo que tem de estar escrito em algum lado. Não estamos a falar de um filho, mas é um trabalho que requer muito amor, muita dedicação. Sim, é quase um filho. Este horário é óptimo para nós e péssimo para os nossos pequeninos. Se bem que, no que diz respeito à criação de laços, não são “as manhãs a correr” que tratam disso. Assunto arrumado. Imagino vezes sem conta o momento em que a Francisca vai conhecer o mano, e aí sim, o dói-dói vai passar.

VERA FERNANDES
Locutora da Rádio Comercial

instagram: @veraafernandes

13:44