Crónicas

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Uma neta à espera de dar um neto

Uma neta à espera de dar um neto

Ser saudável, ser feliz e ser neto incondicional são alguns dos desejos para o meu bebé.

Ser neta é um dos maiores privilégios de sempre. De toda a vida. Ser neta é ser sempre especial aos olhos dos avós. É ouvir histórias de vida e construir um império de memórias, que jamais esquecemos. Eu adoro ser neta. E este ano ainda mais. Além de neta e filha hei-de ser mãe e, com o nascimento do bebé, hão-de nascer mais avós e mais um filho e um neto.
É verdade que a minha gravidez tem sido tranquila, que tenho estado numa fase muito serena e em paz. Mas também é verdade que tenho algumas preocupações, como todas as mães. Espero que o bebé seja saudável e feliz. E desejo, arduamente, que o meu bebé possa ter a sorte que tive com os meus avós, que agora serão também bisavós.
Gostava que a infância do meu bebé fosse repleta de memórias, de dias a fio a brincar à vontade em casa dos avós, no Porto e no Alentejo. De dias de mimo sem fim e de poder saber o que é quase não ter regras, de dias em que quase tudo é permitido, de ouvir histórias de outros tempos, que já no meu tempo tinham passado há muito.
É assim que nasce o sentimento de pertença a uma família. Com os mais velhos. Com aqueles a quem na infância dizíamos que às vezes eram chatos, por nos quererem ensinar tudo e por, na altura, não percebermos o quão importante eram os ensinamentos.
Grande parte das memórias que tenho da infância são os momentos passados em casa dos meus avós. São os dias inteiros em que só via os meus pais ao final do dia e não sentia falta porque estava feliz, porque estava no meu ninho. E sabia-me sempre a pouco.
Os avós são sempre especiais. Quem teve sorte, como eu, foi com eles que passou grande parte da infância e foi com eles que criou laços, ligações, vivências, momentos de ternura sem pressa, com todo o tempo do mundo, porque o papel dos avós, nesses casos, era tanto e tão somente ser avós, dedicados à felicidade dos netos. É esse o trabalho dos avós. E é também essa a recompensa que se pode dar a uma avó ou avô. Deixá-los ser avós. Sem restrições de tempo, sem censura.
Se a vida de um bebé é um presente para os pais é também uma nova vida para os avós e para os bisavós. É também uma forma de rejuvenescimento, de reviver a infância, de olhar para a inocência absoluta do ser humano.
É dar tempo de vida.
É por isso que hoje, grávida do meu bebé, me preparo para dar vida à vida da minha família.
E se hoje adoro ser neta, um dia também vou querer ser avó. Mas neta serei sempre, enquanto tiver memória.

 

Ana Sofia Cardoso
Jornalista TVI

 

Publicado em 26 Jul. 2019 às 11:29

Ser saudável, ser feliz e ser neto incondicional são alguns dos desejos para o meu bebé.

Ser neta é um dos maiores privilégios de sempre. De toda a vida. Ser neta é ser sempre especial aos olhos dos avós. É ouvir histórias de vida e construir um império de memórias, que jamais esquecemos. Eu adoro ser neta. E este ano ainda mais. Além de neta e filha hei-de ser mãe e, com o nascimento do bebé, hão-de nascer mais avós e mais um filho e um neto.
É verdade que a minha gravidez tem sido tranquila, que tenho estado numa fase muito serena e em paz. Mas também é verdade que tenho algumas preocupações, como todas as mães. Espero que o bebé seja saudável e feliz. E desejo, arduamente, que o meu bebé possa ter a sorte que tive com os meus avós, que agora serão também bisavós.
Gostava que a infância do meu bebé fosse repleta de memórias, de dias a fio a brincar à vontade em casa dos avós, no Porto e no Alentejo. De dias de mimo sem fim e de poder saber o que é quase não ter regras, de dias em que quase tudo é permitido, de ouvir histórias de outros tempos, que já no meu tempo tinham passado há muito.
É assim que nasce o sentimento de pertença a uma família. Com os mais velhos. Com aqueles a quem na infância dizíamos que às vezes eram chatos, por nos quererem ensinar tudo e por, na altura, não percebermos o quão importante eram os ensinamentos.
Grande parte das memórias que tenho da infância são os momentos passados em casa dos meus avós. São os dias inteiros em que só via os meus pais ao final do dia e não sentia falta porque estava feliz, porque estava no meu ninho. E sabia-me sempre a pouco.
Os avós são sempre especiais. Quem teve sorte, como eu, foi com eles que passou grande parte da infância e foi com eles que criou laços, ligações, vivências, momentos de ternura sem pressa, com todo o tempo do mundo, porque o papel dos avós, nesses casos, era tanto e tão somente ser avós, dedicados à felicidade dos netos. É esse o trabalho dos avós. E é também essa a recompensa que se pode dar a uma avó ou avô. Deixá-los ser avós. Sem restrições de tempo, sem censura.
Se a vida de um bebé é um presente para os pais é também uma nova vida para os avós e para os bisavós. É também uma forma de rejuvenescimento, de reviver a infância, de olhar para a inocência absoluta do ser humano.
É dar tempo de vida.
É por isso que hoje, grávida do meu bebé, me preparo para dar vida à vida da minha família.
E se hoje adoro ser neta, um dia também vou querer ser avó. Mas neta serei sempre, enquanto tiver memória.

 

Ana Sofia Cardoso
Jornalista TVI

 

11:29