Sempre percebi bem qual era o meu lugar. Sou pai de três. A Susana é pai, mãe, avó, avô, amiga, médica. Eu sou “só” o pai. E tento estar sempre lá. No meu lugar.
Isto de nascer sem pai e crescer sem mãe dá mais trabalho quando depois nos tornamos nós os pais. Não há referências para o bem nem para o mal. Para saber o que está correto ou errado, deve ou não deve ser feito. Palmada ou abraço? Não há referências. Tento estar sempre atento ao que me rodeia para fazer o melhor, o que deve ser feito. Tenho algumas dúvidas nas escolhas que faço, mas tenho ainda mais certezas no que não quero fazer ou ser. No meio deste turbilhão que é ser pai, há certezas. Há a certeza de querer estar sempre presente. Há o medo das ausências. O coração apertado quando o trabalho impede de sentar-me na primeira fila das bancadas do pavilhão a chamar pelo nome da minha filha ou a gritar falta junto ao relvado no jogo de futebol do meu filho. Chegou a minha vez. A minha vez de ser pai. O maior desafio da vida.
Nesta trama há a certeza de que as noites não vão ser assustadoras, que o escuro não é mau, não vão chorar com saudades e que vão ter sempre alguém à espera. Há certezas e eu tenho algumas. Sei qual é o meu lugar, o meu papel nesta história. É ver os meus filhos felizes, como todos os pais. Eu quero é oferecer-lhes paz. Estabilidade. Eu luto por isso. Quero dar-lhes educação. Quero dar amor. E quero estar sempre lá, ao lado deles. Quero que eles saibam isso e se sintam sempre seguros.
Mesmo quando o trabalho me impede de ir ver o sarau da Renata ou outra coisa qualquer importante na vida do Miguel ou do Rafael, eles sabem que estou com eles. Faço o melhor, dou o meu melhor. Foi este o papel que escolhi. Se é o certo ou não, não faço ideia. Escolhi-o com paixão e é isso que vale. Vale também porque sei que do outro lado está a Susana.
Ela é a mãe, o pai, a avó, o avô, a amiga, a médica. E o descanso que é em tê-la por perto? A sorte que tenho da mulher de garra que está ao meu lado, que trata das otites e dos braços partidos como ninguém. Que sabe, à distância, se um deles está com febre. Qual mulher elástico dos Incríveis qual quê! Isto é um super poder e sinto-me um herói por ter a Susana ao lado. Sorte a minha, sorte a dos meus três filhos. Sorte de todos aqueles que têm uma Susana por perto. Cresci sem mãe e nasci sem pai. As noites já não são assustadoras e o silêncio da casa acabou e tenho agora uma sala onde não há silêncio: há o barulho das gargalhadas, das discussões típicas de irmãos.
Publicado em 10 Set. 2018 às 12:37
Sempre percebi bem qual era o meu lugar. Sou pai de três. A Susana é pai, mãe, avó, avô, amiga, médica. Eu sou “só” o pai. E tento estar sempre lá. No meu lugar.
Isto de nascer sem pai e crescer sem mãe dá mais trabalho quando depois nos tornamos nós os pais. Não há referências para o bem nem para o mal. Para saber o que está correto ou errado, deve ou não deve ser feito. Palmada ou abraço? Não há referências. Tento estar sempre atento ao que me rodeia para fazer o melhor, o que deve ser feito. Tenho algumas dúvidas nas escolhas que faço, mas tenho ainda mais certezas no que não quero fazer ou ser. No meio deste turbilhão que é ser pai, há certezas. Há a certeza de querer estar sempre presente. Há o medo das ausências. O coração apertado quando o trabalho impede de sentar-me na primeira fila das bancadas do pavilhão a chamar pelo nome da minha filha ou a gritar falta junto ao relvado no jogo de futebol do meu filho. Chegou a minha vez. A minha vez de ser pai. O maior desafio da vida.
Nesta trama há a certeza de que as noites não vão ser assustadoras, que o escuro não é mau, não vão chorar com saudades e que vão ter sempre alguém à espera. Há certezas e eu tenho algumas. Sei qual é o meu lugar, o meu papel nesta história. É ver os meus filhos felizes, como todos os pais. Eu quero é oferecer-lhes paz. Estabilidade. Eu luto por isso. Quero dar-lhes educação. Quero dar amor. E quero estar sempre lá, ao lado deles. Quero que eles saibam isso e se sintam sempre seguros.
Mesmo quando o trabalho me impede de ir ver o sarau da Renata ou outra coisa qualquer importante na vida do Miguel ou do Rafael, eles sabem que estou com eles. Faço o melhor, dou o meu melhor. Foi este o papel que escolhi. Se é o certo ou não, não faço ideia. Escolhi-o com paixão e é isso que vale. Vale também porque sei que do outro lado está a Susana.
Ela é a mãe, o pai, a avó, o avô, a amiga, a médica. E o descanso que é em tê-la por perto? A sorte que tenho da mulher de garra que está ao meu lado, que trata das otites e dos braços partidos como ninguém. Que sabe, à distância, se um deles está com febre. Qual mulher elástico dos Incríveis qual quê! Isto é um super poder e sinto-me um herói por ter a Susana ao lado. Sorte a minha, sorte a dos meus três filhos. Sorte de todos aqueles que têm uma Susana por perto. Cresci sem mãe e nasci sem pai. As noites já não são assustadoras e o silêncio da casa acabou e tenho agora uma sala onde não há silêncio: há o barulho das gargalhadas, das discussões típicas de irmãos.
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