Crónicas

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O FUTURO SÃO OS VELHOTES

O FUTURO SÃO OS VELHOTES

Afinal a nossa sociedade tem mesmo um grande coração! Mudámos tudo para proteger os mais frágeis e será essa gigante empatia que também nos irá reerguer.

Maio é o mês da família. Vejam lá a coincidência. Bingo. Nunca as famílias passaram tanto tempo juntas como agora. Nunca a família foi tanto a célula central da sociedade como hoje. Sala, cozinha, quartos, teletrabalho, crianças em casa, escolas fechadas, avós isolados mas a precisar de assistência. Neste momento, o mundo parou para os proteger. O globo deixou de girar para defender aquilo que tem de mais precioso, os mais velhos. Eles estão em risco e nós temos o estrito dever e a prazerosa missão de os abrigar. A quarentena é difícil, o isolamento social muito exigente, a adaptação a tantas mudanças que choveram de uma vez só complicada. A economia vai sofrer. Mas isto agora é a sério. Isto agora é família.
Os Pais são este maio, mais que nunca, a geração entalada. Têm que simultaneamente acudir aos mais velhotes enquanto respondem às múltiplas solicitações dos mais novinhos que fazem casa-cheia. Uma mão para um lado, outra mão para o outro, bolas, é mesmo difícil. Pais super-heróis, afinal capazes do que nunca supuseram ser possível, enfim dotados de talentos que desconheciam possuir. Super pais, agora é que é. Pois. Verdade. Somos muito mais resilientes do que alguma vez imaginámos, somos maiores e mais robustos. Agora tentamos resistir à pandemia, às mudanças abruptas e profundas que transformaram todo o tecido social e, sobretudo, à dúvida, a esta permanente e por vezes quase intolerável incerteza e e inquietação como vai ser? o que vai acontecer? e depois? quando?
Há quem abandone os seus mais velhos à sua sorte nesses depósitos ironicamente chamados lares? Há quem os maltrate e despreze? Há sim. Infelizmente há. Da mesma maneira que há abutres a querer fazer fortuna na desgraça. Há sempre. Mas a verdade é que o planeta inteiro (e salvo algumas exceções) se uniu para proteger, em primeiro lugar, idosos e mais frágeis. Aplauso. Esse é o plano macro. No contexto micro, e simultaneamente, outras formas de família, as redes de vizinhança, os pequenos bairros, o comércio de proximidade, todos esse parentes chegados vão se organizando para prestar auxílio a quem mais necessita. Companhia pela janela, compras entregues à porta, avio de recados, idas à farmácia. Deixam-se bilhetes nos elevadores e nos átrios: “Se alguém precisar de ajuda para ir ao supermercado ou buscar medicamentos, toque no terceiro esquerdo”. “Ofereço-me para passear os cães de pessoas mais velhas”. “Disponível para ir buscar refeições ou fazer limpezas às senhoras do segundo direito e do quarto andar- podem ficar fechadas na sala enquanto limpo o resto da casa”. Enfim, exemplos há muitos neste Amor em Tempos de Pandemia. Foi Roosevelt que disse “O sucesso na velhice é como tudo o resto: há que começar jovem”. Pois é, as crianças são o futuro mas os velhotes são o nosso futuro. Comecemos jovens ou médio jovens, então. E daremos o exemplo. Corações ao Alto. Vai ficar tudo bem.

Joana Amaral Dias
Psicóloga e escritora

wwww.facebook.com/joanamaraldias

twitter.com/joanamaraldias

www.instagram.com/joanaamaraldiasoficial

Publicado em 15 Mai. 2020 às 12:52

Afinal a nossa sociedade tem mesmo um grande coração! Mudámos tudo para proteger os mais frágeis e será essa gigante empatia que também nos irá reerguer.

Maio é o mês da família. Vejam lá a coincidência. Bingo. Nunca as famílias passaram tanto tempo juntas como agora. Nunca a família foi tanto a célula central da sociedade como hoje. Sala, cozinha, quartos, teletrabalho, crianças em casa, escolas fechadas, avós isolados mas a precisar de assistência. Neste momento, o mundo parou para os proteger. O globo deixou de girar para defender aquilo que tem de mais precioso, os mais velhos. Eles estão em risco e nós temos o estrito dever e a prazerosa missão de os abrigar. A quarentena é difícil, o isolamento social muito exigente, a adaptação a tantas mudanças que choveram de uma vez só complicada. A economia vai sofrer. Mas isto agora é a sério. Isto agora é família.
Os Pais são este maio, mais que nunca, a geração entalada. Têm que simultaneamente acudir aos mais velhotes enquanto respondem às múltiplas solicitações dos mais novinhos que fazem casa-cheia. Uma mão para um lado, outra mão para o outro, bolas, é mesmo difícil. Pais super-heróis, afinal capazes do que nunca supuseram ser possível, enfim dotados de talentos que desconheciam possuir. Super pais, agora é que é. Pois. Verdade. Somos muito mais resilientes do que alguma vez imaginámos, somos maiores e mais robustos. Agora tentamos resistir à pandemia, às mudanças abruptas e profundas que transformaram todo o tecido social e, sobretudo, à dúvida, a esta permanente e por vezes quase intolerável incerteza e e inquietação como vai ser? o que vai acontecer? e depois? quando?
Há quem abandone os seus mais velhos à sua sorte nesses depósitos ironicamente chamados lares? Há quem os maltrate e despreze? Há sim. Infelizmente há. Da mesma maneira que há abutres a querer fazer fortuna na desgraça. Há sempre. Mas a verdade é que o planeta inteiro (e salvo algumas exceções) se uniu para proteger, em primeiro lugar, idosos e mais frágeis. Aplauso. Esse é o plano macro. No contexto micro, e simultaneamente, outras formas de família, as redes de vizinhança, os pequenos bairros, o comércio de proximidade, todos esse parentes chegados vão se organizando para prestar auxílio a quem mais necessita. Companhia pela janela, compras entregues à porta, avio de recados, idas à farmácia. Deixam-se bilhetes nos elevadores e nos átrios: “Se alguém precisar de ajuda para ir ao supermercado ou buscar medicamentos, toque no terceiro esquerdo”. “Ofereço-me para passear os cães de pessoas mais velhas”. “Disponível para ir buscar refeições ou fazer limpezas às senhoras do segundo direito e do quarto andar- podem ficar fechadas na sala enquanto limpo o resto da casa”. Enfim, exemplos há muitos neste Amor em Tempos de Pandemia. Foi Roosevelt que disse “O sucesso na velhice é como tudo o resto: há que começar jovem”. Pois é, as crianças são o futuro mas os velhotes são o nosso futuro. Comecemos jovens ou médio jovens, então. E daremos o exemplo. Corações ao Alto. Vai ficar tudo bem.

Joana Amaral Dias
Psicóloga e escritora

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