Crónicas

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3, a conta que a vida nos fez!

3, a conta que a vida nos fez!

Ano novo, vida nova. Muito em breve vamos multiplicar-nos outra vez, por três. Quase sem contar com isso a soma de todos vai dar 5 e a vida não está para tanto. É por isso que nas contas à vida contamos mais com o coração do que com a razão.

O meu filho mais novo, prestes a ser filho do meio, anuncia a conhecidos e desconhecidos que “a minha mãe tem um mano na barriga … mas ele sai pouco”. Aos 3 anos pende entre a curiosidade de ver o irmão e o conforto de saber que enquanto o bebé permanece na barriga da mãe não mexe com o seu próprio umbigo. A solução ideal era que o mano espreitasse só de vez em quando. Só que quando ele sair vai ser de vez! A realidade vai mudar. Para ele pela primeira vez, para a irmã outra vez, para nós pela terceira, e é mesmo de vez.
Às inquietações do ainda benjamim, que oscila entre beijinhos na barriga e declarações de guerra a terceiros que se aventurem nos seus domínios, juntem-se as pequenas angústias da princesa da casa. Aos 6 anos confrontada com a iminente predominância masculina, num reino do qual já foi soberana (absolutista!). Vêm aí mais carros e dinossauros e ela queria era mais uma boneca. Mas logo vem aquele brilho mágico nos olhos sempre que diz a palavra bebé. E determina com orgulho, concedendo-lhe o artigo (mesmo que não seja do género sonhado): o bebé, o nosso bebé.
E depois deles nós. Os pais que ponderaram, planificaram, programaram. Nós os prolíficos, os progenitores preparados. Pausa. Já pode rir! Nada disso, a nossa prole só está prestes a ser mais extensa porque não fomos (não somos) nada disso. Não, não houve prosa nenhuma, tudo pura poesia

Prometemo-nos
Da paixão ao parto
E agora acrescentados
Em profícua partilha
Apai(s)xonados!

Partilha. Numa palavra a razão da multiplicação, mas nenhum dos 3 fatores desta equação foi fruto de contas. Nunca fizemos conta com isto, nem contas à vida. Se o tivéssemos feito, provavelmente ainda estaríamos a zero. E zero é nada.
Nada de nada é condenável em quem não quer ter filhos, é uma opção tão legítima como qualquer outra. Quem me faz mais perguntas, particularmente nesta terceira gravidez, é quem está a ponderar, planificar, programar, quem está prolixamente à procura da parentalidade perfeita. O meu conselho é: precipitem-se! Às vezes o melhor é não pensar. O melhor do meu mundo aconteceu justamente porque pensei pouco! E acredito que, também por isso, os meus filhos vão ter um mundo melhor. Menos coisas, mais irmãos! Haverá bem mais precioso? Partilha. Quer isto dizer que as inquietações sobre a chegada de mais um bebé são exclusivas dos pequenos? Nada disso, estou em pânico. Vou ter mais filhos do que mãos!! Há pouco espaço na casa, no carro, na vida. Os dias já são de loucos com dois, como se faz isto com três? Não sei. Não penso. Em frente, que atrás vem gente! Feliz!
Encontro forças no amor que nos multiplicou. Forças quando a minha filha ri às gargalhadas porque o irmão pergunta se o mano bebé pode ser … amarelo! (a sua cor favorita), ou a tenta consolar dizendo o pai tem uma mana na barriga. Quando ela me abraça com uma ternura arrebatadora e diz: “Mãe, já pensaste que os homens nunca vão saber qual é a sensação de ter assim um bebé na barriga?!” Sim, estou de barriga cheia … de amor!

Raquel Matos Cruz 
Jornalista

Publicado em 13 Jan. 2017 às 20:17

Ano novo, vida nova. Muito em breve vamos multiplicar-nos outra vez, por três. Quase sem contar com isso a soma de todos vai dar 5 e a vida não está para tanto. É por isso que nas contas à vida contamos mais com o coração do que com a razão.

O meu filho mais novo, prestes a ser filho do meio, anuncia a conhecidos e desconhecidos que “a minha mãe tem um mano na barriga … mas ele sai pouco”. Aos 3 anos pende entre a curiosidade de ver o irmão e o conforto de saber que enquanto o bebé permanece na barriga da mãe não mexe com o seu próprio umbigo. A solução ideal era que o mano espreitasse só de vez em quando. Só que quando ele sair vai ser de vez! A realidade vai mudar. Para ele pela primeira vez, para a irmã outra vez, para nós pela terceira, e é mesmo de vez.
Às inquietações do ainda benjamim, que oscila entre beijinhos na barriga e declarações de guerra a terceiros que se aventurem nos seus domínios, juntem-se as pequenas angústias da princesa da casa. Aos 6 anos confrontada com a iminente predominância masculina, num reino do qual já foi soberana (absolutista!). Vêm aí mais carros e dinossauros e ela queria era mais uma boneca. Mas logo vem aquele brilho mágico nos olhos sempre que diz a palavra bebé. E determina com orgulho, concedendo-lhe o artigo (mesmo que não seja do género sonhado): o bebé, o nosso bebé.
E depois deles nós. Os pais que ponderaram, planificaram, programaram. Nós os prolíficos, os progenitores preparados. Pausa. Já pode rir! Nada disso, a nossa prole só está prestes a ser mais extensa porque não fomos (não somos) nada disso. Não, não houve prosa nenhuma, tudo pura poesia

Prometemo-nos
Da paixão ao parto
E agora acrescentados
Em profícua partilha
Apai(s)xonados!

Partilha. Numa palavra a razão da multiplicação, mas nenhum dos 3 fatores desta equação foi fruto de contas. Nunca fizemos conta com isto, nem contas à vida. Se o tivéssemos feito, provavelmente ainda estaríamos a zero. E zero é nada.
Nada de nada é condenável em quem não quer ter filhos, é uma opção tão legítima como qualquer outra. Quem me faz mais perguntas, particularmente nesta terceira gravidez, é quem está a ponderar, planificar, programar, quem está prolixamente à procura da parentalidade perfeita. O meu conselho é: precipitem-se! Às vezes o melhor é não pensar. O melhor do meu mundo aconteceu justamente porque pensei pouco! E acredito que, também por isso, os meus filhos vão ter um mundo melhor. Menos coisas, mais irmãos! Haverá bem mais precioso? Partilha. Quer isto dizer que as inquietações sobre a chegada de mais um bebé são exclusivas dos pequenos? Nada disso, estou em pânico. Vou ter mais filhos do que mãos!! Há pouco espaço na casa, no carro, na vida. Os dias já são de loucos com dois, como se faz isto com três? Não sei. Não penso. Em frente, que atrás vem gente! Feliz!
Encontro forças no amor que nos multiplicou. Forças quando a minha filha ri às gargalhadas porque o irmão pergunta se o mano bebé pode ser … amarelo! (a sua cor favorita), ou a tenta consolar dizendo o pai tem uma mana na barriga. Quando ela me abraça com uma ternura arrebatadora e diz: “Mãe, já pensaste que os homens nunca vão saber qual é a sensação de ter assim um bebé na barriga?!” Sim, estou de barriga cheia … de amor!

Raquel Matos Cruz 
Jornalista

20:17